Depressão e o cérebro.
- Dr. Leonel Takada
- 4 de set. de 2024
- 3 min de leitura
A depressão é uma doença complexa que afeta profundamente o cérebro, alterando a química, a estrutura e o funcionamento das redes neurais.

Embora seja mais conhecida por seus sintomas emocionais, como tristeza persistente e perda de interesse em atividades, a depressão envolve mudanças físicas e químicas no cérebro que afetam o pensamento, a memória, o sono e outras funções vitais.
Neurotransmissores e Depressão
Serotonina: Um dos neurotransmissores mais associados à depressão. A serotonina regula o humor, o sono e o apetite. Níveis baixos de serotonina estão ligados à sensação de tristeza, pessimismo e falta de motivação.
Dopamina: Relacionada à recompensa e ao prazer. A disfunção nos níveis de dopamina pode levar à anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer em atividades que costumavam ser agradáveis.
Norepinefrina: Envolvida na resposta ao estresse e na regulação do humor. A baixa norepinefrina pode estar ligada à fadiga, falta de energia e problemas de concentração.
Regiões Cerebrais Afetadas pela Depressão
Hipocampo: O hipocampo é crucial para a formação de novas memórias e para a regulação emocional. Pessoas com depressão frequentemente apresentam uma redução no tamanho do hipocampo, especialmente em casos de depressão prolongada ou recorrente. A perda de volume no hipocampo pode contribuir para problemas de memória e de controle emocional.
Amígdala: A amígdala processa emoções, particularmente aquelas associadas ao medo e à ameaça. Na depressão, a amígdala pode ficar hiperativa, contribuindo para sentimentos de ansiedade, irritabilidade e respostas exageradas a situações emocionais.
Córtex Pré-Frontal: Responsável pelo planejamento, tomada de decisões e controle dos impulsos emocionais, o córtex pré-frontal tende a mostrar atividade reduzida em pessoas com depressão. Isso pode explicar por que muitos pacientes com depressão têm dificuldade em tomar decisões, sentem-se apáticos e não conseguem se concentrar.
Estresse e Neuroplasticidade na Depressão
Eixo HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal): Na depressão, o eixo HPA, que regula a resposta ao estresse, pode se tornar hiperativo. Isso resulta em uma liberação crônica de cortisol (hormônio do estresse), que pode ser tóxico para o cérebro a longo prazo. Níveis elevados de cortisol estão associados à morte de neurônios e à redução da plasticidade cerebral, dificultando a recuperação emocional e cognitiva.
Neuroplasticidade: Na depressão, a capacidade do cérebro de formar novas conexões entre os neurônios, conhecida como neuroplasticidade, é reduzida. Isso afeta a adaptabilidade do cérebro, limitando sua capacidade de superar padrões negativos de pensamento e comportamento.
Impacto da Depressão no Ciclo do Sono
A depressão é frequentemente associada a distúrbios do sono, como insônia ou hipersonia (sono excessivo). O ciclo do sono é regulado em parte por neurotransmissores como serotonina e melatonina, que são afetados na depressão. A privação do sono, por sua vez, pode piorar os sintomas depressivos, criando um ciclo vicioso.
Tratamento Neurológico da Depressão
Antidepressivos: Medicamentos como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSNs) e antidepressivos tricíclicos visam aumentar os níveis de neurotransmissores, como serotonina e norepinefrina, nas sinapses cerebrais, corrigindo os desequilíbrios químicos.
Terapia Eletroconvulsiva (ECT): Em casos graves e resistentes à medicação, a ECT pode ser usada para estimular áreas específicas do cérebro, causando alterações rápidas na química cerebral e aliviando os sintomas.
Estimulação Magnética Transcraniana (TMS): Essa técnica não invasiva utiliza campos magnéticos para estimular regiões cerebrais específicas, como o córtex pré-frontal, com o objetivo de restaurar a atividade normal em áreas subativadas pela depressão.
A depressão é uma doença neurológica e psiquiátrica que envolve alterações profundas na química, estrutura e função do cérebro.
Compreender esses processos é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, que abordem não apenas os sintomas emocionais, mas também as mudanças físicas no cérebro.
Esse conhecimento pode ser útil para todos e conscientizar sobre o fato de que a depressão não é simplesmente "tristeza", mas uma doença que afeta o cérebro de maneiras complexas e profundas.
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